(1º ANO) [Sociologia] Goffman e a Representação do Eu na vida cotidiana
[Sociologia] Goffman
e a Representação do Eu na vida cotidiana
Erving Goffman (Mannville,
Alberta, 11 de Junho de 1922 – Filadélfia, 19 de Novembro de 1982) foi um
cientista social e escritor canadense. Estudou nas universidades de Toronto (B.A. em 1945) e de Chicago (M.A. em
1949, Ph.D. em 1953). Na Universidade de Chicago, estudou Sociologia e
Antropologia Social. Em 1958, passou a integrar o corpo docente da Universidade
da Califórnia em Berkeley, tendo sido promovido a Professor Titular em 1962.
Ingressou na Universidade da Pensilvânia em 1968, onde foi professor de
Antropologia e Sociologia. Em 1977, obteve aGuggenheim
Fellowship (Bolsas para aqueles "que têm demonstrado
capacidade excepcional para a bolsa produtivo ou excepcional habilidade
criativa nas artes."). Foi presidente da Sociedade Americana de
Sociologia, em 1981-1982. Efetuou pesquisas na linha da sociologia
interpretativa e cultural, iniciada por Max Weber.
Erving Goffman em "A
Representação do Eu na vida Cotidiana" aborda as
interações sociais entre indivíduos, entretanto, ele foca numa
“micro-interação”, ou seja, naquela que se caracteriza entre um pequeno grupo
num dado momento e num determinado espaço. Para ele, a informação sobre um
indivíduo possibilita o conhecimento prévio do que se pode esperar dele, e o
que ele espera dos demais. Se o indivíduo for desconhecido, tal informação se
baseará na sua conduta e aparência, de acordo com experiências prévias com o
mesmo estereotipo.
No jogo da interação, o indivíduo
deverá expressar a si mesmo e impressionar os observadores. Sua expressão
envolve duas atividades: 1. Expressão transmitida; 2. Expressão
emitida; Será do interesse do indivíduo regular a conduta dos outros, independentemente
de seu objetivo na relação ou das razões para isto. Das duas formas de
comunicação (expressão transmitida e emitida) o autor se focará na expressão
emitida, de natureza não verbal, seja ela intencional ou não. Para Goffman, o
indivíduo influencia o modo que os outros o verão pelas suas ações. Por vezes,
agirá de forma teatral para dar uma determinada impressão para obter dos
observadores respostas que lhe interesse, mas outras vezes poderá também estar
atuando sem ter consciência disto. Muitas vezes na será ele que moldará seu
comportamento, e sim seu grupo social ou tradição na qual pertença.
A partir da ação dos outros, vinculada
a impressão dada pela ação do indivíduo, pode-se obter uma visão funcional ou
pragmática da interação, e também considerar que o indivíduo provocou uma
definição da situação e sua compreensão. Os observadores podem utilizar os
aspectos fora do controle do indivíduo para legitimar os aspectos controláveis
pelo mesmo. Percebe-se desta maneira uma assimetria na comunicação, onde o
indivíduo só tem consciência de um aspecto da sua expressividade, e o
observador tem dos dois aspectos. Entretanto, tendo consciência disto, o
indivíduo pode manipular suas expressões de modo a dissimular os observadores
para que os mesmos utilizem destas expressões moldadas para validarem as
informações transmitidas. Isso restabelece a simetria da comunicação e
possibilita o jogo de informação e atuação.
Na interação, o grupo espera que o
indivíduo ignore seus sentimentos pessoais e expresse-se de maneira
supostamente aceitável a todos. Com o progresso da interação, este estado
inicial será somado a outras informações ou modificado, desde que não seja de
forma contraditória. Quando esta impressão inicial pertence a uma longa série
de interações, fala-se em “começar com o pé direito”. Podemos supor que certos
fatos cometidos pelo indivíduo contradigam esta posição inicial, ou que lance
dúvida sobre o mesmo, isso poderia provocar uma confusão ou constrangimento na
interação. Consequentemente, os observadores podem tomar uma postura hostil sob
o indivíduo que se contradize, ou deixá-los embaraçados. O que provocaria uma
anomia devido ao colapso gerado nesta interação social. Atribuindo-se
características específicas deste posicionamento inicial, não se poderia deixar
de inserir elementos distintos nas definições projetadas em situações
posteriores, e é deste aspecto “moral” das projeções que Goffman se ocupará
principalmente.
Goffman, afirma que a sociedade se
organiza baseando-se no fato de que um indivíduo possuindo certas
características sociais deve moralmente ser valorizado, e consequentemente, o
indivíduo que possua (ou simule) tais características deve ser de fato o que
expressa. Entretanto, o indivíduo que possui tais características exerce uma
exigência moral sobre os outros de modo que devam tratá-lo e valorizá-lo de
acordo com tais características. O autor acredita que existam práticas
preventivas para que estas rupturas não ocorram, e práticas corretivas para
diminuir os efeitos das contradições que não foram evitadas. Quando o indivíduo
tenta conservar a definição da situação projetada por outro, conceitualmente
esta se falando de “diplomacia”. Quando se soma as práticas defensivas (das
projeções) com a diplomacia, forma-se uma ferramenta para conservação da
impressão emitida por um indivíduo perante outros.
A Representação do Eu na Vida
Cotidiana (The
Presentation of Self in Everyday Life, no original em inglês) é, talvez, o mais importante livro de Erving Goffman. Ele usa conceitos da Teoria do Teatro para retratar a importância das
relações sociais. O livro foi publicado em 1959 e traduzido e publicado no Brasil em 1985 pelaEditora Vozes.
Conceitos[editar | editar
código-fonte]
No
centro da análise está a relação entre o conceito de "performance" e "fachada".
Diferentemente dos outros autores que usaram essa metáfora, Goffman coloca
todos os elementos do atuar em consideração: um ator atua em uma posição onde há o palco e os bastidores; há relação entre a peça e a sua atuação; ele está sendo visto
por um público, mas ao mesmo tempo, ele é o público da peça encenada pelos
espectadores. De acordo com Goffman, o ator social tem a habilidade de escolher
seu palco e sua peça, assim como o figurino que ele usará para cada público. O
objetivo principal do ator é manter sua coerência e se ajustar de acordo com a
situação. Isso é feito, principalmente, com a interação dos outros atores.
O maior tema que Goffman trata
ao longo do livro é a fundamental importância de possuir um acordo acerca da
definição da situação em uma dada interação para manter a coerência. Nas
interações, ou performances, as partes envolvidas podem ser público e
atores simultaneamente; os atores normalmente atuam de forma que se sobrepõe a
si mesmos e encorajam os outros, por diversos meios a aceitar tal definição.
Goffman
ressalta que, quando a definição aceita da situação é desacreditada, alguns (ou
todos) atores podem fingir que nada mudou. caso acreditem que isso é lucrativo
ou manterá a paz. Por exemplo, quando uma dama está em um jantar formal (com o
objetivo de causar boa impressão), e seu estômago ronca, os convidados que
estão próximos a ela podem fingir que não houve nada e, com isso, ajudar a
manter a pose. Goffman declara que esse tipo de atitude acontece em todos os
níveis da organização social, dos mais pobres às elites.
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