(2º ano) O CONSUMO E O CONSUMISMO
O consumismo é uma compulsão que leva o indivíduo a comprar de
forma ilimitada e sem necessidade bens, mercadorias e/ou serviços. Ele se deixa
influenciar excessivamente pela mídia, o que é comum em um sistema dominado pelas
preocupações de ordem material, na qual os apelos do capitalismo calam fundo na
mente humana. Não é à toa que o universo contemporâneo no qual habitamos é
conhecido como “sociedade de consumo”. Depois da Revolução
Industrial, que
possibilitou o aumento da escala de produção e incrementou
o volume de mercadorias em circulação, o mundo se modificou
profundamente. Com a industrialização veio o desenvolvimento
econômico nos
moldes do liberalismo e o consumismo alienado, ou seja, é como se as
mercadorias fossem entidades abstratas e autônomas, independentes dos esforços
humanos. Porque agora o homem não consome mais, como outrora, os produtos que
ele mesmo elabora. Ele se encontra apartado dos frutos de seu próprio trabalho.
O consumista não age como o consumidor, que compra as mercadorias e os
serviços de que necessita para sua existência, já aquele está sempre
atravessando as fronteiras da necessidade e tocando as margens do supérfluo.
Ele atua muitas vezes movido por distúrbios emocionais e psicológicos, ou por
motivações sócio-econômicas, como uma espécie de compensação pela frieza do
convívio social, pela carência financeira, por uma auto-estima deteriorada, e
por tantas outras razões. O resultado dessa atitude impulsiva é geralmente o
endividamento crescente, então o indivíduo assume uma sobrecarga de trabalho,
na tentativa de eliminar as dívidas, conseqüentemente é submetido a um regime
de exploração no trabalho, novamente se vê emocionalmente frágil e se torna
propenso de novo ao consumismo feroz. Como se percebe, cria-se um círculo vicioso,
do qual somente com muito esforço e um eficaz tratamento terapêutico o sujeito
pode se libertar.
Além do mais, o acúmulo cada vez maior de supérfluos leva nossa sociedade
a uma deterioração dos hábitos e dos valores, pois as pessoas se tornam gradualmente
escravas do materialismo, em detrimento do caráter espiritual da vida. As
próprias relações sociais se desvalorizam diante da valia crescente das
mercadorias, na verdade até mesmo os relacionamentos se submetem a critérios
materiais. O consumismo pode provocar também uma grave perturbação psíquica, a
oneomania, que conduz o indivíduo a um gasto compulsivo, mais comum entre as
mulheres. A natureza também é prejudicada pelo consumo ilimitado,
porque o incremento das mercadorias, não só da demanda, mas também da oferta,
produz no meio ambiente o aumento do volume do lixo.
Para que a pessoa busque um tratamento, é preciso primeiro que ela se
conscientize do processo que se desenrola em sua psique, mas dar esse passo não
é fácil, porque o consumismo é uma atitude muitas vezes inconsciente.
O sistema capitalista gerou em nossa sociedade a ilusória concepção de
que o consumo sem limites conduz ao bem-estar e é sinônimo de civilização.
Assim, hoje freqüentamos Shopping Centers, verdadeiros templos do consumo, que
se proliferam cada vez mais, e nos envolvemos em rituais de compra e aquisição
de serviços, transformando o próprio corpo em mercadoria. Ao invés de nos
entregarmos, como antes, a ritos sagrados, mergulhamos cada vez mais na
natureza profana do consumismo.
E como participar deste cerimonial moderno é cada vez mais caro, as
pessoas passam a valorizar excessivamente os meios de aquisição, ou seja, tudo
e todos são medidos em termos do metal precioso, do poder e da posição social
que ocupa, pré-requisitos para se estar habilitado a um consumismo crescente. O
símbolo da felicidade humana na sociedade contemporânea é a possibilidade de
poder consumir sem freios, trocando em miúdos, a posse dos bens materiais. O
que torna difícil sair dessa ciranda viciosa é que o sistema realimenta
continuamente a sede de consumir, para ter à sua disposição um mercado sempre
disponível.
Comentários
Postar um comentário