NELSON MANDELA - O contexto da África do Sul no início do século XX
NELSON MANDELA
O contexto da África do Sul no início do século XX
Ao contrário de países como o Brasil, cuja população indígena foi drasticamente dizimada em consequência de guerras e moléstias trazidas pelos europeus, na África do Sul, a situação era outra, pois a maioria da população era constituída de africanos negros, submetidos ao domínio de uma minoria branca. O grau máximo dessa dominação foi a adoção de uma política que ficou conhecida como apartheid.
Havia, na África do Sul, uma legislação que segregava negros e outros grupos étnicos. Há autores que afirmam que o apartheid começou com essa legislação, por meio do Ato das Terras Nativas, de 1913. Mas o início do apartheid é identificado apenas no ano de 1948, quando a palavra passou a ser usada oficialmente para designar uma política que o governo denominou de “desenvolvimento separado”, mas que, na verdade, só serviu para estabelecer uma política ainda mais segregacionista em relação aos negros e a outros grupos considerados não brancos.
O Ato das Terras Nativas expulsou os negros de suas casas e determinou que eles deveriam morar em áreas “especiais”, que nada mais eram do que pequenas reservas dentro do território sul-africano. Com esse ato, a minoria branca ficou com 87% do território, e a maioria negra, com apenas 13%. Os africanos negros ainda eram proibidos de comprar terras fora dessas reservas, o que impossibilitava que os agricultores tivessem seu próprio espaço para cultivo. Dessa forma, criou-se um exército enorme de mão de obra barata que não tinha acesso à propriedade.
Já a Lei do Passe restringia a movimentação da população negra, pois, por meio dela, os negros foram obrigados a ter uma espécie de passaporte para poder transitar pelo país. Somente uma pequena parte da população negra podia viver nas cidades. Os negros só podiam entrar nas cidades para trabalhar e eram obrigados a deixar suas famílias nas reservas e fazer longas jornadas de ida e volta ao trabalho. Sem o passaporte, não conseguiam emprego nem podiam viajar. Eles deveriam levá-lo sempre consigo, pois sua apresentação poderia ser exigida a qualquer momento por um branco. Aquele que
não estivesse com o seu podia ser preso ou até perder o emprego.
1. O que foi o Ato das Terras Nativas?
2. Em que consistiu a Lei do Passe?
3. O que foi o apartheid, quando começou e como terminou?
4. Cite outras leis segregacionistas do regime de apartheid.
A Campanha de Desafio de 1952 consistiu em uma operação que desafiava a Lei do Passe. Os dirigentes do Congresso Nacional Africano (CNA), partido de oposição ao regime do qual participava Mandela, declararam que, se o governo não revogasse várias leis ligadas ao apartheid, o partido iniciaria uma campanha de boicote à legislação. Para isso, Mandela viajou pelo país recrutando voluntários.
A estratégia era a de não violência. Em 1952, foi iniciada a campanha em uma manifestação na qual cantavam e gritavam por liberdade. Logo ela se espalhou pelo país, mas foi fortemente contida pela polícia. A campanha havia começado em junho e, ao final dela, em dezembro, mais de 8 mil manifestantes estavam na cadeia. Mandela foi preso, condenado a ficar afastado por dois anos de Johannesburgo, sede administrativa do país, e a não participar de reuniões políticas. Apesar do aparente fracasso da campanha, já que nenhuma lei foi revogada, na verdade, ela foi uma forma de mostrar o potencial do povo sul-africano e de estabelecer entre eles não apenas o sonho e a esperança, mas a possibilidade de concretizar a utopia de uma sociedade igualitária. Também mostrou que o CNA era um representante das aspirações do povo, uma vez que, ao final de 1952, o número de membros do partido havia passado de 20 mil para mais de 100 mil. A filiação política mostrou que as pessoas deixaram de lado a resignação e a aceitação das condições vigentes e que começavam a lutar, por meio de ações como essas, pela concretização de seus sonhos.
A Carta da Liberdade, de 1955, foi um documento que registrou a indignação com a situação existente não só por parte da população negra, mas também da indiana e até de dissidentes brancos. Ela resultou da união de diversos congressos: o CNA, o Congresso Indiano, o Congresso dos Sindicatos e o Congresso dos Democratas (este último formado por brancos), reunidos no Congresso do Povo. Durante o Congresso do Povo, 3 mil delegados se reuniram e a Carta da Liberdade foi lida em público. Todos os seus itens foram aprovados por aclamação. No segundo dia de reunião desse Congresso, policiais armados subiram ao palco e confiscaram todo o material a ser usado, e o encontro foi suspenso. Esse documento foi tão importante que serviu como plataforma política dos adversários do apartheid 30 anos depois do Congresso do Povo.
Em 1956, as autoridades prenderam Nelson Mandela e decidiram condená-lo à morte por crime de traição. No entanto, a repercussão internacional de sua prisão e de seu julgamento levou à conquista do direito de responder ao processo em liberdade. O julgamento durou aproximadamente cinco anos e, em 1961, ele foi declarado inocente. Mas, em 1962, foi novamente preso e condenado à prisão perpétua em 1964. Só foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, depois de 27 anos, por ordem de Frederic De Klerk, o presidente na época.
Quando libertado, Mandela tinha 71 anos. Em 1994, foi eleito presidente do país, na primeira eleição multirracial da África do Sul. Nelson Mandela faleceu no dia 5 de dezembro de 2013, devido a uma infecção pulmonar, cujas complicações já vinha sofrendo nos últimos anos. “Madiba”, como era conhecido na África do Sul, foi considerado um dos maiores ícones da luta dos negros pela igualdade de direitos no país e foi um dos principais responsáveis pelo fim do regime racista do apartheid, vigente entre 1948 e 1993.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
1. O que você acha que a Marcha do Sal, a Campanha de Desafio e o Congresso do Povo têm em comum?
2. Como Mandela conseguiu envolver as pessoas em torno de sua causa?
3. O que foi a Carta da Liberdade?
4. Em que consistiu a Campanha de Desafio?
O contexto da África do Sul no início do século XX
Ao contrário de países como o Brasil, cuja população indígena foi drasticamente dizimada em consequência de guerras e moléstias trazidas pelos europeus, na África do Sul, a situação era outra, pois a maioria da população era constituída de africanos negros, submetidos ao domínio de uma minoria branca. O grau máximo dessa dominação foi a adoção de uma política que ficou conhecida como apartheid.
Havia, na África do Sul, uma legislação que segregava negros e outros grupos étnicos. Há autores que afirmam que o apartheid começou com essa legislação, por meio do Ato das Terras Nativas, de 1913. Mas o início do apartheid é identificado apenas no ano de 1948, quando a palavra passou a ser usada oficialmente para designar uma política que o governo denominou de “desenvolvimento separado”, mas que, na verdade, só serviu para estabelecer uma política ainda mais segregacionista em relação aos negros e a outros grupos considerados não brancos.
O Ato das Terras Nativas expulsou os negros de suas casas e determinou que eles deveriam morar em áreas “especiais”, que nada mais eram do que pequenas reservas dentro do território sul-africano. Com esse ato, a minoria branca ficou com 87% do território, e a maioria negra, com apenas 13%. Os africanos negros ainda eram proibidos de comprar terras fora dessas reservas, o que impossibilitava que os agricultores tivessem seu próprio espaço para cultivo. Dessa forma, criou-se um exército enorme de mão de obra barata que não tinha acesso à propriedade.
Já a Lei do Passe restringia a movimentação da população negra, pois, por meio dela, os negros foram obrigados a ter uma espécie de passaporte para poder transitar pelo país. Somente uma pequena parte da população negra podia viver nas cidades. Os negros só podiam entrar nas cidades para trabalhar e eram obrigados a deixar suas famílias nas reservas e fazer longas jornadas de ida e volta ao trabalho. Sem o passaporte, não conseguiam emprego nem podiam viajar. Eles deveriam levá-lo sempre consigo, pois sua apresentação poderia ser exigida a qualquer momento por um branco. Aquele que
não estivesse com o seu podia ser preso ou até perder o emprego.
1. O que foi o Ato das Terras Nativas?
2. Em que consistiu a Lei do Passe?
3. O que foi o apartheid, quando começou e como terminou?
4. Cite outras leis segregacionistas do regime de apartheid.
A Campanha de Desafio de 1952 consistiu em uma operação que desafiava a Lei do Passe. Os dirigentes do Congresso Nacional Africano (CNA), partido de oposição ao regime do qual participava Mandela, declararam que, se o governo não revogasse várias leis ligadas ao apartheid, o partido iniciaria uma campanha de boicote à legislação. Para isso, Mandela viajou pelo país recrutando voluntários.
A estratégia era a de não violência. Em 1952, foi iniciada a campanha em uma manifestação na qual cantavam e gritavam por liberdade. Logo ela se espalhou pelo país, mas foi fortemente contida pela polícia. A campanha havia começado em junho e, ao final dela, em dezembro, mais de 8 mil manifestantes estavam na cadeia. Mandela foi preso, condenado a ficar afastado por dois anos de Johannesburgo, sede administrativa do país, e a não participar de reuniões políticas. Apesar do aparente fracasso da campanha, já que nenhuma lei foi revogada, na verdade, ela foi uma forma de mostrar o potencial do povo sul-africano e de estabelecer entre eles não apenas o sonho e a esperança, mas a possibilidade de concretizar a utopia de uma sociedade igualitária. Também mostrou que o CNA era um representante das aspirações do povo, uma vez que, ao final de 1952, o número de membros do partido havia passado de 20 mil para mais de 100 mil. A filiação política mostrou que as pessoas deixaram de lado a resignação e a aceitação das condições vigentes e que começavam a lutar, por meio de ações como essas, pela concretização de seus sonhos.
A Carta da Liberdade, de 1955, foi um documento que registrou a indignação com a situação existente não só por parte da população negra, mas também da indiana e até de dissidentes brancos. Ela resultou da união de diversos congressos: o CNA, o Congresso Indiano, o Congresso dos Sindicatos e o Congresso dos Democratas (este último formado por brancos), reunidos no Congresso do Povo. Durante o Congresso do Povo, 3 mil delegados se reuniram e a Carta da Liberdade foi lida em público. Todos os seus itens foram aprovados por aclamação. No segundo dia de reunião desse Congresso, policiais armados subiram ao palco e confiscaram todo o material a ser usado, e o encontro foi suspenso. Esse documento foi tão importante que serviu como plataforma política dos adversários do apartheid 30 anos depois do Congresso do Povo.
Em 1956, as autoridades prenderam Nelson Mandela e decidiram condená-lo à morte por crime de traição. No entanto, a repercussão internacional de sua prisão e de seu julgamento levou à conquista do direito de responder ao processo em liberdade. O julgamento durou aproximadamente cinco anos e, em 1961, ele foi declarado inocente. Mas, em 1962, foi novamente preso e condenado à prisão perpétua em 1964. Só foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, depois de 27 anos, por ordem de Frederic De Klerk, o presidente na época.
Quando libertado, Mandela tinha 71 anos. Em 1994, foi eleito presidente do país, na primeira eleição multirracial da África do Sul. Nelson Mandela faleceu no dia 5 de dezembro de 2013, devido a uma infecção pulmonar, cujas complicações já vinha sofrendo nos últimos anos. “Madiba”, como era conhecido na África do Sul, foi considerado um dos maiores ícones da luta dos negros pela igualdade de direitos no país e foi um dos principais responsáveis pelo fim do regime racista do apartheid, vigente entre 1948 e 1993.
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.
1. O que você acha que a Marcha do Sal, a Campanha de Desafio e o Congresso do Povo têm em comum?
2. Como Mandela conseguiu envolver as pessoas em torno de sua causa?
3. O que foi a Carta da Liberdade?
4. Em que consistiu a Campanha de Desafio?
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