Trabalho e Alienação


Alienação é a palavra chave quando vamos refletir sobre o trabalho hoje. Grosso modo, alienar é transferir para outro. Mas primeiro vamos refletir sobre trabalho.


Trabalho hoje para nós é sinônimo de emprego. Trabalho = executar um conjunto de atividades pré-determinadas, durante um horário pré-determinado, em troca de uma recompensa pré-determinada.
Mas trabalho é muito mais que isso. Trabalho é o emprego do engenho humano para transformar a natureza, transformar as coisas brutas em coisas úteis, com o objetivo de prover as condições materiais de nossa existência. Até o advento do modelo capitalista de produção, uma das características do trabalho era que a pessoa que fazia, o artesão, era o dono da matéria prima, dos instrumentos de trabalho, do local de trabalho (a oficina ou o atelier). A pessoa que fazia dominava todo o processo e era ela que determinava como fazer. Ao final do processo, o produtor tinha a posse do produto produzido, que poderia ser vendido ou não. Isso quer dizer que todos os frutos do trabalho eram de quem efetivamente trabalhava, daquele que produzia.
E hoje? Vejamos: os instrumentos de trabalho são do capitalista, o mesmo para oficina (local de trabalho) e para a matéria-prima. O processo de trabalho é determinado pelos proprietários dos meios de produção ou seu staff, ele é decomposto em tarefas elementares e o trabalhador tem um conhecimento parcial deste processo. Ao final, o produto produzido é do capitalista.
Daí a alienação como chave para analisar o trabalho, a posse dos instrumentos de trabalho, da oficina, da matéria prima, do saber fazer e do fruto do trabalho é transferido para outrem, o capitalista. O trabalhador é alienado dos recursos necessários para a produção de bens e mercadorias. A ele cabe vender sua força de trabalho, vender-se por uma quantia de dinheiro sempre inferior ao valor que ele produz, caso contrário não haveria o lucro. E pra fechar o ciclo, com o dinheiro obtido pela venda de sua força de trabalho, o trabalhador vai comprar do capitalista os produtos que ele mesmo produziu.

Publicado no Folhetim # 5

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